segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ubiraita unido, Ubiraita forte

                                                     O novo enfoque da escravidão


Os geógrafos (mas não só eles) sabem bem que o rural e o urbano são mundos conectados. O modelo de produção e consumo que expulsa os agricultores familiares de suas terras é o mesmo que explica o crescimento desordenado das metrópoles.  O ideário do desenvolvimento que impulsiona a abertura de novas fronteiras agrícolas também acelera a construção civil. Não por acaso, portanto, o trabalho escravo contemporâneo é uma realidade no campo e nas cidades. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) reunidos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que houve a libertação de 45 pessoas escravizadas no ramo das confecções em 2010 e outras 80 até outubro de 2011. A maior parte desses flagrantes aconteceu em São Paulo, onde funcionam aproximadamente seis mil oficinas de costura, muitas delas clandestinas. Os trabalhadores são principalmente bolivianos, paraguaios e peruanos que estão na condição de imigrantes ilegais, o que torna o combate ao trabalho escravo neste setor ainda mais difícil, porque as vítimas têm medo de fazer a denúncia e serem expulsas do Brasil. A Pastoral do Migrante estima que cerca de 300 mil estrangeiros latinoamericanos morem na região metropolitana de São Paulo. Muitos deixam seus países por causa da pobreza, em busca de melhores condições de vida, e acabam mais vulneráveis à exploração degradante de sua força de trabalho. Ainda segundo dados do MTE compilados pela CPT, foram resgatados 176 trabalhadores na construção civil em 2010 e mais 275 até outubro de 2011. Em Campinas, no interior de São Paulo, três empreiteiros foram presos pela Polícia Federal em fevereiro de 2011 por manterem 26 operários em condições análogas à escravidão. O fato motivou a Câmara de Vereadores de lá a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)para investigar o trabalho escravo em obras na cidade. A escravidão contemporânea no mercado do sexo também é uma realidade das cidades difícil de ser fiscalizada e combatida. De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), ela está ligada ao tráfico interno e externo de pessoas, o terceiro mais lucrativo do mundo: só perde para o tráfico de drogas e de armas. Um relatório publicado em 2009 pelo UNODC calcula que, de cada três pessoas traficadas, duas são mulheres. E de cada 10 mulheres traficadas, oito são exploradas sexualmente.